domingo, 18 de dezembro de 2011

Confissões

e aí... aí dá vontade de sumir.
me lembro da vergonha,
sinto impulsos de apagá-lo.
eu tenho raiva e, aaaarrrrgggh....
ainda...

e tudo aqui dentro, terra de ninguém,
nem posseiro se aventura a limpar.
só eu mesma para lidar com esse lixo tóxico
que insisto em reciclar.

sabe, da última vez que eu o vi, eu estava assim - indócil.
ele abriu seus braços sob a manta para se despedir
e eu tive a sensação de que se eu o abraçasse,
seria engolida e não teria forças para sair de lá...
nunca mais...

dei-lhe um beijinho triste e cínico no rosto...

agosto/2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Mares Lejanos

amores amaros
por mares lejanos-
ondas maiores
do que
amarras
em dossel de
cama.
minha amora-
mel sorvido
sua boca-
fel
que levou
todo
o mar de mim.
mares lejanos.

sábado, 29 de outubro de 2011

3X4

morte aos adjetivos aquém
não quero o contido, nem o imposto por quem contém
quero a braçada que alcança águas mais profundas, o nado além
e abraçar aquela que se deixa perder sem estar perdida, nada além

quer saber quem é? experimente-se.
o que lhe define não precisa caber num adjetivo.
e nem tudo precisa ser explicado.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Busca


meu bem,
a minha busca ,
anciã de pernas fortes
e olhos de cristal ,
quer saber o que as gentes almejam.
não me interessa  o que quero, meu bem .
me fascina é o seu sonho
e o dela, e os deles.
o número de quereres?
não, meu bem, mas
a excitação neles.
fascínio, fascínio.
tantas gentes desejando
folhas laranjantes
flutuando de galhos 
até o chão -
pontes idílicas para a realidade, meu bem
                                    ...
dias de vento redemoinhando meus olhos,
da maresia dissimulando-se em seus cachos
e de cheiros de estranhos em seus lençóis...
você se lembra, meu bem?

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Purpurina

Não é chuva que cai do céu, é purpurina...
Gruda no meu rosto, braços, torso e pernas.
Mulher dourada, vergonha lavada:
Brilha por fora, se encontra por ora...

                                                         Gustav Klimt

terça-feira, 16 de agosto de 2011

criança

ploct

pop art
chiclete ploc
popcorn
poppies
ploct

play art
popsicle
purple red
poppies
ploct

chiclete ploc de popcorn
play art na pop art
purple red poppy popsicle 
ploct

terça-feira, 2 de agosto de 2011

domingo, 31 de julho de 2011

O escritor

escritor craveja pergaminho.
na escrivaninha
contos de fadas de acesso restrito.
ele escraviza palavras,
ex-trai-se.
estrelas estrelam o escudo
esfoliando o
escuro ex-terno ... eterno.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Infância

Pedrinha no chão era alegria,
Banho de piscina, o céu.
Brincadeira de roda, elevação,
Mamãe chorando escondida, confusão.

Pular corda - todo dia
Bicicletas pelo bairro, novidades.
Mamãe cantando ao lavar a roupa -
Eu te amo do fuuuuuundo do meu coração!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Mais uma carta de amor ridícula

palavras de ouro, rubis e safiras
jamais definirão o que sinto;
não cabe aqui tampouco, em
papel de papel ou virtual registro.
logradouro porém será
porque um dia, velha,
memória em chuvisco,
necessitarei recordar
o que fomos
o que somos.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Antecipação

em seu recanto de chuva 
e canto de assobios-  
balança  e pende ao vento.


haste de instrumento musical
parece que não resistirá
ao castigo da manhã...

suas faces de veludo
tem sede  do cálido,
maestro de seu re-canto


ele, Febo, invariavelmente chega,
cedo ou quase tarde demais,
Ela dança...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Meu Heathcliff


por que não posso lhe ter?
infértil solo para respostas
esse meu mundo peculiar-
não entendo conveniências.

uma pétala caída pelos campos
sempre me lembrará
partida de inocência,
e para quê? nada!

acho que te culpo...
e não percebendo como odeio-me por isso,
acabo por pensar que lhe odeio,
meu Heathcliff

Heathcliff


inobservância de sobrevivência, vi seu perfil
e ele me trouxe memórias entorpecidas...
o amarelo não estava lá, mas imaginei os reflexos
em seus olhos , obviamente outorgados
ao mar revolto que neles reside.
euforia irrompeu e  um frio que
começou ali, na boca do estômago e subiu,
alterou o que eu conhecia por vida.
ressucitou, ainda mais uma vez, a alma penada
que vez por outra passeia por mim...
como resistir-lhe?

terça-feira, 28 de junho de 2011

Ao que é vida

a flor de cerejeira tem alma de samurai
estranheza, sentiriam alguns, mas ai,
nasceu para encantar e de seu encantamento morre
olor, sedução e candura
guerra ou deleite, ela perdura...

                                                            Foto: Silvia Maria Souza

sábado, 25 de junho de 2011

Ele


girassol  `a  procura  de
cumplicidade  e  aconchego
em  espelho  de  céu  sem  nuvens

terça-feira, 21 de junho de 2011

Lá no meu quintal

Lá no meu quintal,
Onde ficam as roseiras
E um tapete de esperança,
Cantam uns passarinhos -
Sons dos céus e silêncios...
Eles não percebem que os observo...
Não podem, pois ao menor movimento
Fogem do que lhes é ameaçador
Sem saber se realmente lhes é...
Queria um dia acariciar aquelas penas quase de algodão
E seguir seus pra-lá e prá-cá de cabecinhas.
Seria angustia, atenção ou apenas pressa?


                                                 Foto - Sílvia Pinheiro

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Temphoras

Cada hora tem sua aurora
Cada ação tem sua razão
Entre as horas, definha a paixão.
                            (inspiração: o filme "As Horas") 

terça-feira, 14 de junho de 2011

Na alma cedo

Na alma cedo 
Distorção cala solução 
E murmura: medo 
Engessamento 
Coração em brumas.


quarta-feira, 8 de junho de 2011

A bailarina

Ela queria ser notada,
Sempre quis.
Era bela, todos diziam...
Mas algo invariavelmente acontecia...

O menino não quis dançar com ela no primeiro baile.
No segundo, ele só dançou porque os pares foram trocados-
A música acabou e eles se separaram.
No terceiro, ele parecia interessado, mas não tomou providências.
No quarto, ele dormiu com sua melhor amiga.
No quinto, bailaram, ele a chamou de noiva, mas desapareceu entre os convidados.

Não houve um sexto baile: com seu vestido aposentado,
A menina desistiu de entender tanta contradança.

domingo, 5 de junho de 2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

terça-feira, 24 de maio de 2011

Vovô

Algumas vidas acabam tão tristemente
Que é melhor lembrar dos momentos bons,
Elevados a categoria de mágicos
Pelos olhos de quem conta tais peripécias...

Os papeizinhos picotados que caíam feito chuva de prata
Do céu de brigadeiro e encantavam a criança de mãos dadas com o pai.
Eram os anos 50, comemoração do IV Centenário
Da cidade de São Paulo.

Ou o feijão bem amassadinho com o garfo e regado a azeite.
O português amava azeite e sempre chamava sua filhinha
Para vir sentar-se ao seu colo e comer com ele.
Ou isso, ou um café gelado!

Houve uma Páscoa especial: como poderia um simples trabalhador,
Seu pai, lhe dar um ovo? Quanto mais o ovo crocante da Kopenhagen?
Mas assim aconteceu e ela, com mais de sessenta hoje, lembra-se dele
Como o melhor ovo de chocolate de sua vida.

Aquele senhor baixinho, um tanto atarracado, olhos enormes e tristes
Sempre teve o amor incondicional daquela filha:
Pelos momentos inesquecíveis que passou junto dele,
Pela natureza branda e cavalheiresca daquele homem.

sábado, 14 de maio de 2011

Fotografia

Leão, ascendente em Sagitário, lua em Áries.
É não sou fácil, bem sei...

Vaidosa, exagerada, mas ótima amiga.
Ansiosa, carinhosa, brejeira, melindrosa.
Volúvel, ciumenta, medrosa.
Sonhadora, desatenta e impaciente.
Desconfiada, insegura, egocêntrica.

Sorriso fácil, gargalhada alta, olhos que vêem longe.
Braços sempre prontos a envolver um amigo,
Adoro abraçar, demonstrar o que sinto...
Orgulhosa, chorona e leal até o último fio de cabelo,
O qual gosto de soltar - para sentir minha juba ao vento...

Gosto de ser livre...
Livre de qualquer jugo
Livre de preconceitos
Livre de cobranças
Livre para amar e sair de cena.

Não levanto bandeiras que não são minhas.
Minhas bandeiras são sutis, porém densas; delicadas, mas apaixonadas.
Quero de tudo um pouco.
Quero ser um porto seguro com um barquinho à deriva,
Quero ser um barquinho à deriva com um porto seguro.

Quero chegar aos noventa e não vou me contentar com pouco,
Quero olhar para trás com a certeza de que nunca desisti.
E quando souber que estou pronta, aos poucos vou me desligar,
Sonhando com as árvores de cerejeira
E suas flores e pétalas caindo como neve...

Flor de cerejeira, a mais pura manifestação da beleza,
Flor de cerejeira, para sempre comigo em meu corpo
Flor de cerejeira, emblema do código dos samurais,
Da guerreira que há em mim e que teve uma vida bela e digna,
Dentro de seus limites efêmeros, assim como os da sakura.

domingo, 8 de maio de 2011

Limites

Sonhos
Fantasias
Ilusões...
Quem souber nadar
Por turvas águas,
Assim mancomunadas,
Terá seus pés desancorados,
Respirará o ar concreto,
E avistará, ainda em meio
De sua falta de fôlego,
Os limites reais
Que separam
O azul do céu
Dos desenhos das nuvens
E o marrom da terra –
Clareza

sábado, 16 de abril de 2011

Desatinos

Será melhor compartimentar
Meus sentimentos?
A co-existência deles os funde
Me confunde

É como estar num ambiente onde se ouve duas melodias.

Uma é suave, e como tal, perde-se,
Dá até para ser ignorada pelos caminhos certos da mente.
A outra insiste, é descompassada,
Provoca confusão mental e ecoa pelos labirintos da alma.

É como a árvore lá fora:

Metade fincada ao solo por suas raízes
Metade dançando ao vento, livre, desvairada.

Se é possível para uma árvore viver em tal disparate
Será que um dia conseguirei
Lidar com meus desatinos?

terça-feira, 12 de abril de 2011

Olhos de Jabuticaba

Olhos de jabuticaba
Duas bolinhas de gude negras
Olhos doces, em cores e letras
Olhos de goiabada

Olhos misteriosos, versão kajal
Olhos gentis, sob o voil
Diamantes de mil e uma faces
Noites de mil e uma noites

Olhos que comem o ensombrecer
Olhos que se deixam ver;
Quem há de olvidar
O lago negro onde é certo se afogar?

Olhos brilhantes ao alvorecer das mortes
Olhos opacos ao anoitecer das sortes

Olhos de jabuticaba.


domingo, 3 de abril de 2011

Of Birds and Men

A blackbird  on his nest of sorrow-
Wicked-looking , He winks again...
Birdie  tells me  there’s no tomorrow
Whenever my eyes meet his pain.

Berries  and grapes on the  wet floor
Feed him in the dark  blue night
Twigs and sticks might hurt to the core
Yet his  home makes him  knight

Hidden  in  his cup-shaped  nest
Black creature won’t Flock with me
And  although it may look like incest
Only hers he shall  be.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sem Solução

Estou me estranhando
Como o cão que rosna para a própria sombra

Descolorido castanho
Estranho conhecido

Armadura coronária
Paralisia vernacular

Opacidade

Nunca me surpreendo e
Temo morrer assim – morrendo
E sem solução

sexta-feira, 18 de março de 2011

Destino

Pés descalços,
Liberdade.
Sinto a areia que já foi quente durante o dia.
Meu caminhar é lento,
Porém tem destino certo.
Deixo minhas pegadas para traz,
Hipnotizada pela roda prateada.
Ela tem uma irmã gêmea refletida nas águas escuras.

O quebrar das ondas e a espuma branca me enfeitiçam,
Amedrontam até...
Mas tenho certeza de meu destino.

Sinto a primeira a quebrar aos meus pés.
O frio e a excitação
Sobem pelo meu corpo.
Continuo andando
Cada vez mais além,
Cada vez mais perto.

Água no peito...
O nadar é um dançar,
O silêncio, minha música...

                                     ...

As sereias enfeitiçam os homens e eles morrem no mar.
Seria vingança por, enlevadas pelo luar, terem se perdido nas águas?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Explorando palavras...

chá de xacoco
queima o côco
minha cabeça quente
seus olhos de serpente
ah, ningres-ningres...


pão ciabatta
pão com alface
pão com tomate
pão com queijo
pão
pão
pão, pão, pão, pão, pão
glog, glog, glog, glog, glog
Aaaai...

(Dois exercícios propostos por Noemi Jaffe em seu curso sobre escrita criativa)







terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Nem sempre dia, tampouco noite indefinidamente

As estrelam viajavam em silêncio -
Ouviam a pena que discorria...
Era o fim de uma paixão.
A lua pairava alta - um desperdício!
Morria o romance; até respeito morria.
E magia, ironia, revelava-se um bordão.


O sol, como de hábito, voltava - fiel filho
Se sorria ou não, assunto controverso...
Mas havia esperança naquilo que é claro,
Que se deixa ver, que pulsa,
Que fala e não se esconde em verso.
Renascia um primo da alegria - amaro.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Morro

Nus, seus olhos nus,
Desprovidos de cortejo e gentileza
Mostram seu ódio e rudeza
Desnudam a mim,
A meus olhos -
Contas que intercalam
Sarcasmo e frivolidade

Nus, seus olhos nus,
Neles vingança e cegueira
Despidos,
Buscam nos meus,
Nus, dissimulados, indecisos,
Alivio diante das dores
De nossos mundos -
Quatro crianças em busca de redenção.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O sapo

Gordo, gelado, nojento
Venenoso, vil e avarento

Sai da toca e coacha:
Procura por aventuras na noite quente.

Alguém tropeça e agacha:
Senhor Sapo, quem diria?
Morreu pelos pés de um indigente.

(lembranças de infância)


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tu

Quando penso em ti, mil cores 
Invadem a tela diante de mim
Cores conhecidas, alegrias e rancores:
Já viveste os tons do carmim.

Vejo romantismo em teus olhos alertas,
Tarsila em tuas mãos- 
Compridas para tua estatura - abertas
a apoiar teus irmãos.

Em tua felicidade, o azul da menina de Renoir
Em tua tristeza, os pores do sol de Turner
Em tua energia, o vermelho quente de Frida

Acima de tudo, sublime, pairando no ar
A maestria de Michelangelo e Da Vinci de teu ser
Como os anjinhos de Rafael, estrela da minha vida.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Desvios de Personalidade

Se fosse um dia, seria belo
Se fosse um doce, um caramelo
Se fosse você, mundo paralelo.

Se fosse noite, azul estrelada
Se fosse flor, sakura amada
Se fosse você, rota errada.

Se fosse vida, desabrochar tangível
Se fosse música, inspiração audível
Se fosse você, bemol incorrigível.

Se fosse morte, estranha quieta
Se fosse dor, lágrima, na certa
Se fosse você, ferida aberta.

Fúria

Chego pelas mãos ásperas
Dos ventos do Norte

Rosto ainda gelado,
Na madrugada leio minha sorte

A cada dia mais aquecida,
Desempenho tarefa diária

Toco vidas, faço amigos,
Tudo tenho de ordinária

Mas a alma não agüenta disfarces –
Ou muchochos da lamúria

Tufões se impõem e ordenam a partida –
Sou toda fúria

Ao abandonar, atropelo, firo, há morte
Ao aterrissar, evito prever minha velha nova sorte.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A Gata


Gata chegou,
Ronronou,
Se embrenhou.

Gata miou,
Gato enlouqueceu,
Destino abortou.

Gata sempre faz charme.
Se colar,
Tanto melhor.

Mas o tempo, ah, o tempo,
Got her tired, 
Although she's still wired.
Rabo de Gato Rosado - Simone Grecco