quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Stupidity

rosas e espinhos explodem pelos olhos
o coração sai pela boca

ondas me agitam
repuxo me traz de volta

nunca chego à estrada
que leva a você

dias oníricos
implodidos por nossa estupidez


ainda lhe sinto
como se houvesse sido ontem

trágica a sorte dos que não viram a página.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Respostas

Uma não resposta é uma resposta.
Uma espécie de oportunidade rumo a dignidade...
E assim, continua a andarilha por incertos caminhos.
Mas há dignidade diante da resposta que é a não resposta?
Há dignidade diante do não não dado?

Não há dignidade em nada disso!

E tudo que parecia tão certo, legítimo e importante
Vai ficando a cada dia fora de seu alcance, 
Começando a parecer que nunca existiu.
Ela questiona sua sanidade, suas intuições ...
Lamenta.

Levanta-se, olha com desânimo a estrada `a sua frente
E é inevitável perguntar-se, novamente,
Quantas vezes mais até que entenda respostas? 
Sem elas, continua ridiculamente incerta - 
por caminhos, quiçá dignos, mas certamente incertos.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Estado

Vejo uma nuvem cor de rosa
Ao fitar os pés da prosa;
Ela não é cinza ou sombria
Mas não me consola como a poesia.

Nem xícaras de chá reconfortantes,
Nem banhos de sol me animariam.
Gosto de observar a chuva:
É dada a largada e as mentes variam.

Tanto faz quente ou frio.
Há febre por todos os cantos,
Delírio, calafrio e vazio.

Nuvens, luas e seus encantos,
Peço, entre prosa e poesia,
Alguém que me abata no cio.




segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Andarilha


Querer uma folga...
Ziguezaguear por traiçoeiras areias ,
Abraçar o silêncio e a rebeldia do mar ,
Borboletear por campos vermelhos...
Direitos de quem não quer sentir o que é coração.
Direitos de quem quer os sentidos,
E apenas ser.

E em sua singular mediocridade
Ou momentânea grandeza
Abandonar-se, e quem sabe,
Ser...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Loba

No inverno, sob a lua cheia
Defendendo sua sobrevivência
Ela dispara, não devaneia
Sua caça, sua referência.

Alcança, ataca, prende e mata
Ao saciar sua fome, a memória a arrebata
Seu segredo lhe é novamente revelado
E por sua natureza leviana, friamente velado.

Fome física, fome da alma
Fome xamânica, fome sem alma
A loba mata para sobreviver
E o ato a inunda de prazer.


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Uma folha de papel em branco


Uma folha de papel em branco...
Dobrada duas vezes, dividida em quatro.
Ela marca a página de um livro.
Tantas possibilidades...
Posso ouvi-las como asas de borboletas a bater:
Cada batida, uma idéia.

Uma folha de papel em branco...
Poderia amassá-la, arremessá-la
E pensar sobre o que poderia ter sido
Se acertasse o pequeno lixo à minha direita.
Teria tomado a decisão correta?

Uma folha de papel em branco...
Poderia escrever sobre meus sonhos mais acalentados,
Sobre o fascínio que as palavras exercem sobre mim,
Sobre o heroísmo de algumas pessoas a quem tive o privilégio de conhecer...
Mas não.

Uma folha de papel em branco...
Marcando a página de um livro,
Esquecida lá há meses...
Porque estaria marcando
Casamento, de Adélia Prado?


sábado, 13 de novembro de 2010

Dos Pássaros

Bem-te-vi , te bem quis  
em teus olhos li teus fados.
Bem-te-quis e assim eras:
um nó bem-atado.


Bem-te-quis, meu bem-te-vi  
amanheciam corpos colados.
Entre bem-querer e quimeras,
bem-te-quero em mim ancorado.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cicatriz

Navalha rasga
Faca corta
Estilete fere
Unha arranha
Tesoura separa
Canivete vai fundo

Navalha arranha
Faca fere
Canivete rasga
Unha crava fundo
Tesoura corta
Estilete separa

Os pontos juntam a pele,
mas não escondem o estrago.
A cicatriz mostra a feiura
de quem foge do afago.

Uma cicatriz na suave
superfície de uma vida.

domingo, 24 de outubro de 2010

Tirânica Fênix

Rasgo as cartas e acendo uma fogueira imponente
Em meio a implacável brasa, lutam
Retalhos de uma vida que gemem, gritam.
Sinto-me livre a princípio, depois impotente.

Das cinzas renasce a dor
Rasga meu peito remendado
Queima meu coração cansado
Cem vezes volta a fênix com seu rancor.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ni-night, meu colibri!

Acalentei sentimentos por alguém,
Alguém a quem nunca vi
Mas, ah... Como senti...

Linhas de desespero não cabem aqui
Ele apenas tinha que ir...
Mas, ah... Como senti...

Contudo, sentir tem sido sofrer, então
De mais um remendo preciso -
Sofrer não me deixa seguir

Retalho, linha, agulha; sem adeus!
A sutura firme
A dor vai exaurir...

Tristeza é sorrir
Com os lábios
E com os olhos se despedir.

Ni-night, meu colibri!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Jardim da Lua


A noite se aproxima: ouço o pio da coruja
E o ronronar de meus negros gatos.
Caminho para o jardim e estou em casa cuja
Tapeçaria faz cócegas em meus pés sem sapatos.

Em meio a meu passeio noturno,
Reverencio a lua cheia.
Queria para mim os anéis de Saturno
Sei, porém que é a roda que tudo branqueia.

Meu jardim, surreal para os descrentes,
Tem o brilho das estrelas cadentes.
É magnífico lar de quem quer fazer o bem
E a coruja e os gatos garantem a energia que o local tem

Pétalas de flores maceradas,
Em descanso num cálice com água
Enfeitado por brancas margaridas,
Não dão chance a intenção ambígua

Lua,
Mãe branca e mutante,
Mãe das fases e das escolhas,
As estórias aqui, em seu jardim vividas,
Aqui também serão esquecidas.





sábado, 2 de outubro de 2010

Playing with words

Thank you


Thankfully thinking thirsty thoughts
During the thunderstorm - 
Thunders roaring...




Addiction


Twisted words,
Twisted minds
Chaos always
Shut the blinds




Insanity


Shattered dreams
Haunted ships
Sailing back
To insanity

Sempre os dois lados...Dois poeminhas

Letras


amor roma
romã
amora aroma 
namora
amor mora
aroma mar
mar...




Entremeio


Entre o certo e o errado - o cinza
Entre a noite e o dia, orvalho acaricia
Deles, aurora, não é, foi ou seria.



domingo, 12 de setembro de 2010