terça-feira, 24 de maio de 2011

Vovô

Algumas vidas acabam tão tristemente
Que é melhor lembrar dos momentos bons,
Elevados a categoria de mágicos
Pelos olhos de quem conta tais peripécias...

Os papeizinhos picotados que caíam feito chuva de prata
Do céu de brigadeiro e encantavam a criança de mãos dadas com o pai.
Eram os anos 50, comemoração do IV Centenário
Da cidade de São Paulo.

Ou o feijão bem amassadinho com o garfo e regado a azeite.
O português amava azeite e sempre chamava sua filhinha
Para vir sentar-se ao seu colo e comer com ele.
Ou isso, ou um café gelado!

Houve uma Páscoa especial: como poderia um simples trabalhador,
Seu pai, lhe dar um ovo? Quanto mais o ovo crocante da Kopenhagen?
Mas assim aconteceu e ela, com mais de sessenta hoje, lembra-se dele
Como o melhor ovo de chocolate de sua vida.

Aquele senhor baixinho, um tanto atarracado, olhos enormes e tristes
Sempre teve o amor incondicional daquela filha:
Pelos momentos inesquecíveis que passou junto dele,
Pela natureza branda e cavalheiresca daquele homem.

2 comentários:

  1. Chris, que gostoso ver você também por aqui :) Apareça sempre! E obrigada... Esse poema é especial para mim, mas muito mais para minha mãe... Era o pai dela :)
    Beijo!

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