terça-feira, 27 de março de 2012

Elas secam

como aquarelas abandonadas ao mau tempo
aquelas flores desbotavam,
começavam a desaparecer

cores escorriam como chuva em vidro
mas era como vida -
desmanchando-se em papel

de galochas e guarda-chuva passei pelo
jardim de guache tentando corar-lhe -
e ali deixei um botão

mas meu jardim já era um borrão -
cinza e aguado - e o vento
esturricou as pontinhas vermelhas do botão

uma rosa seca num jardim de lágrimas
sem canto ou cores, zumbidos ou beijos
flores molhadas secavam histéricas, estéreis

2 comentários:

  1. Lindo poema!Metáforas delicadas e profundas próprias de um poeta.E como dizia o poeta Cartola:"As rosas não falam
    Simplesmente as rosas exalam
    O perfume que roubam de ti..."


    Maria Lucia

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  2. Triste, esquálido de esperança. Com o título em mente li o texto, que ao me impregnar o íntimo me fez completar a sentença, não a que a autora propôs, talvez, mas a minha, incorrigível sentimental e otimista que sou, ou acredito ser.

    Por mais que lhe emanem da alma, e estéreis de alegria, lhe desmanchem o carmim... tenha calma, elas secam um dia, chegam ao fim.

    Beijo,
    Waldir.

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