terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Loba

No inverno, sob a lua cheia
Defendendo sua sobrevivência
Ela dispara, não devaneia
Sua caça, sua referência.

Alcança, ataca, prende e mata
Ao saciar sua fome, a memória a arrebata
Seu segredo lhe é novamente revelado
E por sua natureza leviana, friamente velado.

Fome física, fome da alma
Fome xamânica, fome sem alma
A loba mata para sobreviver
E o ato a inunda de prazer.


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Uma folha de papel em branco


Uma folha de papel em branco...
Dobrada duas vezes, dividida em quatro.
Ela marca a página de um livro.
Tantas possibilidades...
Posso ouvi-las como asas de borboletas a bater:
Cada batida, uma idéia.

Uma folha de papel em branco...
Poderia amassá-la, arremessá-la
E pensar sobre o que poderia ter sido
Se acertasse o pequeno lixo à minha direita.
Teria tomado a decisão correta?

Uma folha de papel em branco...
Poderia escrever sobre meus sonhos mais acalentados,
Sobre o fascínio que as palavras exercem sobre mim,
Sobre o heroísmo de algumas pessoas a quem tive o privilégio de conhecer...
Mas não.

Uma folha de papel em branco...
Marcando a página de um livro,
Esquecida lá há meses...
Porque estaria marcando
Casamento, de Adélia Prado?


sábado, 13 de novembro de 2010

Dos Pássaros

Bem-te-vi , te bem quis  
em teus olhos li teus fados.
Bem-te-quis e assim eras:
um nó bem-atado.


Bem-te-quis, meu bem-te-vi  
amanheciam corpos colados.
Entre bem-querer e quimeras,
bem-te-quero em mim ancorado.